_ Querida, se veste de homem pra mim?
Logo, ela põe a roupa dele e feliz, o rapaz inicia a prosa:
_ Cara, cê não sabe quem eu tô pegando..."
A piada que eu citei não só é velha, mas também desatualizada. Com a inversão de valores sociais imposta ultimamente, os homens mudaram o seu comportamento, deixando de contar suas aventuras - em algum momento as mulheres disseram que isso as afastavam - e as mulheres, pelo contrário, pegaram essa péssima mania com direito à nossas hipérboles, fantasias e histórias épicas juntando ao cinismo que já lhes é natural.
Os homens (principalmente os bem apessoados) têm sido vítimas de todo tipo de fábulas das meninas: "Ele não pára de me olhar", "Ontem ele me cantou", "Esse é o maior galinha do terreiro, canso de dar fora nele"... entre outros do tipo. Certa menina que eu saí me disse tanto que eu era afim dela há muito tempo, e que ela estava cedendo às minhas investidas... falou com tanta convicção que eu quase acreditei, mesmo sem ter insinuado em momento algum meu interesse, até mesmo por não existir.
Claro que também há vários outros tipos de mentirinhas, como aquela que diz fazer sexo quase todo dia, mas acaba se apaixonando pelo primeiro que aparece, aquela que diz se não depende de homem para nada (mas ai dele se não ligar!), aquela que diz que faz e acontece, mas não o faz sozinha. Me veio à mente uma cantora pop chamada Kelly Key, que, em certo momento, divorciou-se de um outro artista, destratou o rapaz em público, deixando-o arrasado (mesmo sendo ele o impulsor de sua carreira e pai de um filho dela) e lançou alguns "hits" como mulher independente, que dava foras, que dominava (vem meu cachorrinho, a sua dona está chamando)... enfim, as mulheres não só tomavam o poder, como também eram super-poderosas. Homem? Só um detalhe incômodo para passatempo e preservação da espécie, porque eles são uns imprestáveis, só nos magoam sem nada dar em troca!

Por mais paradoxo que pareça, ela casou com um rapaz ultra-mega-maxi-super-hiper-rico, ciumento toda vida, ao ponto de escolher até o figurino da menina, e ela parou com as musiquinhas, dedicou-se ao público infantil e está no ostracismo, curtindo a atual profissão de esposa de homem rico. Um belo exemplo de mentira, fantasia, fábula que Dona Kelly levantou, ao dizer que era a tal, chegando até mesmo a pousar nua para a maior revista masculina do país - máxima da independência e autoestima -, chegando a ser recorde em vendagem de exemplares, porém, no fundo, era só um personagem para expor suas frustrações. Um mundo é criado e elas investem nele de tal forma que parece real.
“Uma mentira contada mil vezes, torna-se verdade - Joseph Goebbels". Isso mesmo, teoria nazista de marketing. É a estratégia: elas dizem (e repetem) aos quatro cantos que eles "fazem" e "são", sem que o pobre coitado venha se defender; aquilo vai ecoando, ecoando... Algumas tentam averiguar a veracidade da informação, outras se contentam com a história da "amiga" e fazem juízo. As sozinhas insistem em se mostrar independentes, auto-suficientes, equilibradas, bem resolvidas, enquanto as compromissadas se mostram superioras ou vítimas.
Elas pensam que a mentira que contam é oficiosa (dita a alguém, sem prejuízo de terceiro, e só para lhe causar prazer ou utilidade), mas não é. Ao mesmo tempo que massageam o seu ego perante suas mais próximas, não exitam em derrubar aquele ao qual se referem. O homem-macho-adulto, tão espizinhado ultimamente pela mídia, apanha como um Judas no Sábado de Aleluia, e sente mais dificuldade ainda na abordagem ao sexo oposto, tendo mais uma barreira a transpor: justificar-se de uma mentira que, de tanto divulgada, virou falsa verdade. Pior, ele terá de conviver com a eterna desconfiança de sua companheira acerca de seu comportamento, conviver também com ciúmes infundados daquela "amiga" que insiste em acusar o rapaz de assediá-la, ou da história da prima da vizinha da sogra do cunhado que o viu sair altas horas da noite de um carro preto com uma loira de parar o trânsito (mesmo sabendo que no dia vocês estavam curtindo um romântico jantar a luz de velas que virou uma janta com velas de 12 tórridas horas no Motel Atração).
Isso vem acontecendo nesse movimento neo-feminista, um termo que vocês verão bastante em minhas citações, no qual a mulher, depois de ter se libertado do domínio masculino, quer exercer as funções do homem. Só que o homem já se adaptou às novas mulheres, as mulheres estão regredindo ao herdar o comportamento do sexo oposto o qual tanto criticavam.
Os motivos? Não sei, pois não sou mulher, mas devem ser iguais ao que os homens utilizavam quando tinham tal comportamento: Destaque social; maquiagem das frustrações; delírios etílicos (e os não-etílicos, os piores); competitividade; marcação de território... Coisas pequenas que nós, homens, nos limitávamos a encerrar dentro do bar, após a saideira, ou ao bater o cartão no expediente. Tinhamos 2879 namoradas platônicas: bastava ser bonita que nós estufavamos nossos peitos e diziamos: "tá comigo", "pena que tem bafo", "ainda bem que eu larguei, ela é um grude só"... dava-se uma risada e acabava por ali. Mas esse dom as meninas têm que aprender a utilizar, pois elas levam essas histórias para casa, para o trabalho, faculdade, escola, curso, balada...
E você, mulher? Concorda, discorda? Homem, o que você acha?
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