Serei eu o único a reparar a ligação entre uma pessoa ser "legal" e ser altruísta?
Quanto mais altruísta, mais legal ela é, ao ponto de ser, às vezes, tachada como otária.
Uma pessoa legal seria aquela que não prejudica ninguém, é atenciosa, simpática, solícita e gentil, mas na nossa sociedade de interesses não é suficiente essas qualidades. Claro que tais qualidades são imprescindíveis para um indivíduo receber o selinho "LEGAL" de qualidade, mas se não fizer algo pelo outro, não passará de uma pessoa comum.
Quando recebe o título de "legal pra caramba" é porque faz de tudo pelos outros. É aquela pessoa que você pode procurar a fim de levar vantagem mesmo tendo intenções torpes. O máximo que as pessoas sentem pelos legais é pena. Quando acontece algo com alguém que é legal, todos se indignam, mas poucos se manifestam. O cara que não é legal causa medo, repulsa; já o legal é inofensivo, manso... se ele for legal com a pessoa certa pode até ser que alguém tome partido dele, mas o homem legal é presa fácil.
No ônibus, vão roubar o seu relógio, se esquecer o celular, vão trocar o chip e vender, se perder o emprego, um ou outro vai pedir o seu currículo, mas ninguém vai esquecer que ele é um cara legal. O cara legal perde a mulher, o cara legal não recebe o dinheiro que emprestou, o cara legal não recebe promoção no emprego...
Que mundo é esse em que vivemos? A gentileza, complacência e altruísmo fora da religião é muito mal compensada. Os valores da moda são a ambição, proatividade, criatividade, conhecimento... essa mistura não leva uma pitada sequer de ética, de urbanismo, de vida social. A nossa Competitividade está nos deixando como cavalos, com seus cabrestos, guiados pela voz capitalista globalizada: "produza... mais... crie... mais.... queira... mais... e mais...". Quem ousa fugir da ambição e da correria em busca de um túmulo com mais flores geralmente é atropelado pelos sanguessugas da boa vontade alheia, que fazer qualquer pessoa de degrau ou trampolim.
Ainda acredito que, quem tem amigos, tem tudo. As revistas de negócios nunca citam o QI (Quem Indica) como maior responsável pelos empregos; as companhias de viagem não citam os amigos como grande companhia nos seus pacotes; as maiores corporações não mencionam que o trabalho em um ambiente amistoso rende mais. O "diga-me com quem andas, que direi quem és" foi substituído por "quem se mistura com porcos, farelo come". Para quem não sabe a diferença, no primeiro dito popular, a pessoa anda com alguém, já no segundo, a pessoa é induzida a não andar com ninguém.
Pratique a boa vontade, a gentileza, o altruísmo, a simpatia e seja legal, mas não se deixe contaminar pelos aproveitadores de plantão: identifique-os e faça com que aprendam a lição. Deixemos um mundo melhor para nossos netos, afinal, vai ser um calor só e nem água vai ter, mesmo... o que custa deixar a compaixão como herança?
domingo, 11 de março de 2007
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