Não! Não foi mulher alguma,
foi o avesso do corpo
isso de sofrer com culpa
mas sem culpa
Não foi nenhuma mágoa do desejo absurdo ou do querer inconcluso,
incompleto,
inadequado,
mas o absurdo do medo antes mesmo de se querer,
o susto antes do imaginar, a cortina que se fecha pela própria
mão, sarracena, estúpida, como um franquisque em soluço,
no segundo exato do desejar.
Guilhotina suspensa no âmbito do segredo
o medo
do corpo
Medo:
o corpo
Não! Não é isso! Foi o avesso do corpo – foi o metafísico estrume
de que nascem
flores sem textura...
flores de plástico sem raiz – flores que nascem de virgens flores sem
pólen ou semente,
divinas flores da improlífica histórica demente
que nasce do homem
Foi tudo tão... absurdo, mas tão absurdo,
visto do agora... Meu Deus! Absurdo!
absurdo é a palavra mais próxima e
foi o próprio Deus – apostrófico ou interjeitivo –
que me incucaram à cabeça, empalaram ao reto
como supositório culpadolítico abrasivo
Esse Deus estava em cada olhar em cada corpo em cada próximo
que se deve temer, e não amar.
como um cólito bigbrotheriano delator conspícuo... em cada pedra
estava o
olho
e também o circo... doce laço apascentável de matadouro...
Foi tudo e vocês que me fizeram
paralítico de qualquer vezo
tetraplégico dos poros...
Foi toda a súcia sifilítica parasitária ansiolítica
de saias ou não... de saias à cabeça... cortinas daquele medo...
palco do sombrio amor que inspira medo
- o medo de nós mesmos...
foi toda a canalha anticatalítica e estacionária, foi ela
- vocês -
com seus filhos e netos plurigeracionais eclesiásticos anímicos,
disciplinados, disciplinares,
"não gosto de su trabajo" ou "ermanos e ermanas" e seus "pontos e
ponto-e- bírgula"
pathos e pathos e pathos em poça sem onda e ibérico recalquer
submerso o pato feio, pequenino, em água rasa, cabeça
arranhada no fundo preto – mas pondo à vista o rabo –
vocês sub-sub-homens, conceituadíssimos ante a espécie progenitora,
ínclitos brochadores dos meninos
endêmicos sentadores no colo, no colos sodomítico,
socionobolitadores, estruturadores de personas, do futuro e do lastro
moral, hierofantes submissos,
só foram vocês, em discurso estreito como o meu de agora...
só foram vocês
filhosdaputíssimos conscientes desbastadores primitivos de caráter(s) e
inteligentzia(s), esculhambadores de espíritos,
que me fizeram também um grandíssimo
filho da puta
a vossa mercê
para vos merecer
a vossa imagem e semelhança
em tudo que minha ignota pouca monta
puder lhe aprazer de melhor, ou melhor, de morno
até o meu, o seu
fenecer
de viado ou de corno,
mas bem torneado, sempre
E como todos, todos os filhos, os filhos dos putos, em seu colegiado
bastardo
de idéias e sentidos,
estarão meus filhos e os netos de meus filhos,
escolásticos,
em precipício inevitável em sociável habilíssimo desporto e
pesonto,
filhos todos de brochura e brochada,
necrotério
e hospício
Érico Braga Barbosa Lima
Estilhaços de Babel, p.34-37
Fabiano GMAIL
Tenho blogs, sabia?
http://fabianomoraes.blogspot.com
http://artigoterapia.blogspot.com <<< esse é meu lado sério
Nunca se explique. Seus AMIGOS não precisam e seus inimigos não vão acreditar
"O homem começa a morrer na idade em que perde o entusiasmo." Honoré de Balzac
Um comentário:
Não conhecia ainda esse blog. Maravilhoso. O poema 'não, não foi mulher alguma' é simplesmente genial, tanto em sua estrutura, quanto (e ainda mais, claro) no teor. Voltarei para ler mais vezes.
Um abraço!
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