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terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Bobinho...

Eu sou um cara careta. Escrevo isso porque, durante a semana, ouço Band News antes de ir ao serviço, enquanto tomo meu café da manhã e preparo a comida dos cachorros.
Todos os dias, dentro da programação, tem uma propaganda das loterias da Caixa com o seguinte conteúdo:

"_ Antônio Carlos, onde é que o senhor vai? - diz ela.
_ Hoje é segunda-feira, vou apostar na loto fácil... mas já estou voltando.
(musiquinha)
_ Dina Maura onde a senhora vai?
_ Vou apostar na loto fácil.
_ A senhora sabe que dia é hoje?
_ Quinta-feira... bobinho!"

Agora, em se tratando de uma propaganda de cunho federal, de jogo, de uma instituição... alguém pode me explicar qual é a função semântico, sintático, expressivo, cultural ou qualquer uma dessa palavra - bobinho?!?

Em mais um capítulo da guerra dos sexos, qualquer ativista poderia levantar bandeiras, fazer passeatas, organizar um abaixo assinado virtual ou encher a caixa de emails do setor de propaganda da Caixa Econômica, mas não...

Substituremos, então, o bobinho por... "bobinha". Pronto: as mulheres são subestimadas, menosprezadas, ultrajadas...

Vamos supor que o rapaz a abordar dona Dina Maura tivesse trejeitos afeminados... "bobinho". Desencadearia uma marcha gay do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, seria tema de um capítulo na novela das oito e no São Paulo Fashion Week teria uma modelo anoréxica vestindo uma camisa com os dizeres "bobinho nunca mais".

Qual é o problema em ser macho, adulto, mestiço? A classe é unida no bar, no futebol, no chifre do amigo, mas não se rebela quando é espizinhado em todos os meios da midia. Na novela das oito, por exemplo, digo que se todos se influenciarem pelos dizeres do final, os homens serão expulsos do país, pois eles não serviriam para mais nada.

Em uma época que a individualidade virou epidemia, os seres de sexos opostos (às vezes do mesmo também) se atraem somente pelo ato reprodutivo. Eletrodomésticos substituem os afazeres domésticos, Fast Food é mais cômodo que compras do mês, TVs substituem jantares e salas de bate papo sobrepujam mesas de bate papo. Não se pergunta mais, utiliza-se o Google, não pedimos recomendação, vemos os comentários sobre algo. Esse caminho é o certo?

É certo aguçar ainda mais as diferenças, já que vivemos diferenças étnicas, sociais, culturais, ter que ressaltar a diferença sexual é um retrocesso. Tem, no RJ, até vagão em trem e metrô para mulheres. Fizemos um esforço histórico para declarar que todos são iguais perante a lei, mas depois criamos cota para negros nas universidades. O homem macho, macho de verdade, é o que apanha da mulher, a obedece, cozinha, lava, passa, cuida das crianças, mas põe o pão de cada dia em casa, tem um ar sexy de mecânico, barba por fazer, mas pelos do peito depilados, enquanto as mulheres se preocupam com silicone aqui, ali, perder peso aqui e ali....

Mulheres pós feministas, vocês não estão indo longe demais? Suas ancestrais queimaram sutiãs, conquistaram direito ao voto, ao trabalho entre milhares de outras coisas, agora vocês se preocupam em ser chamadas de Mrs. ou Miss!!! Os homens, políticos como sempre, criaram o Ms. e te enrolaram. O homem perfeito que vocês tanto insistem em pregar ou é gay ou é sem graça. Acaba sendo trocado pelo velho bonachão que bebe cerveja, vê jogo, olha pras bundas, arrota e peida.

Então retomemos à evolução do século XX, onde derrubamos várias tabus de diferenças e esqueçamos os rancores históricos entre homens e mulheres. Aproveitem a globalização e troquem idéias com as mulheres asiáticas, tão submissas aos homens e que vivem felizes do mesmo jeito. Lá não tem "bobinho" ou "bobinha". Em vez de falar (como eu sempre ouço) "Não preciso dele pra nada", ajudem uns aos outros.

Enfim, eu sou macho, mas encontrar fêmea tá complicado.

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